sábado, 10 de abril de 2010

Nem mais, nem menos


Eu nunca pensei muito antes de escrever. Escrevo o que sinto, escrevo o que penso. Apoio-me na ideia de que, assim como os sentimentos, as palavras não são certas, muito menos constantes. Às vezes me pego pensando no que eu já escrevi ou ao menos pensei em escrever. Minhas palavras não são boas, mal consigo expressá-las. Isso me frustra. Porque eu sei que tenho tanto pra dizer e tanto pra opnar. Eu, como pessoa, sou circular, sem rodeios. Não consigo ser criativa quando algo me aflige, não torno a minha dor em arte. Estou nesse mundo pra fazer os outros felizes, e se der, ser feliz também.
Acredito no amor, acima de tudo. Não demonstro afeto com palavras. Gosto de tocar, gosto de sentir. Sofro sorrindo. Alegro-me chorando. Espalho-me por todo canto, deixo sempre um pouco de mim, nem que seja um sorriso ou um leve aperto de mão. Quero ser lembrada como alguém sincera. Não permaneço quieta se vejo alguém sofrendo. Sou sensível, não frágil. Em mim, sempre baterá um coração cheio de esperança.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A última chance

Eu fumava aquele cigarro como se fosse o meu último. Olhava para a fumaça que inalava com certa intensidade, esperando que aquele momento de êxtase nunca acabasse. Olhei para os meus pés e pensei : o que eu faria se a minha vida acabasse quando o cigarro chegasse ao fim ? A minha vontade era de continuar ali, sentado, poluindo meus pulmões. Quando de supetão a imagem da minha mãe apareceu, seguida pela de meu pai e meus irmãos. Eu devia algo para eles. Eu devia um adeus. Eu devia tanta coisa para tanta gente. Me encolhi na cadeira. Apanhei o celular do bolso e fui direto para a agenda, procurando o número da única pessoa que realmente me fazia querer viver. "Que vergonha de mim, ela foi embora porque quis. Cadê a minha dignidade ?" Me interrogava. Logo pensei que mortos não tinham dignidade nem meio-mortos. O cigarro estava acabando... e me restara no máximo uns minutos. Disquei o número. Tu...tu...tu.
- Alô ? Alô ? Olha Fábio, se for você... me ouve.

Desliguei." Como ela pode querer que eu a ouça ? Eu a amei inefavelmente. Não quero suscitar o assunto... mas não entendo como ainda me machuca. " Recuperei-me do momento súbito de fraqueza. Escondi as lágrimas na têmpera de minhas sobrancelhas. Eu precisava ouvir pra tentar seguir a minha vida. Então liguei de novo. Tu...tu...tu...tu...

-Pode falar.

-Eu te amo.

-Seu Fábio, o médico lhe chama. Chegou a hora.

Desliguei o celular, apaguei o cigarro pois já estava fumando o filtro e me encaminhei a sala de cirurgia.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Dia 0

Quando a saudade entra em mim e se expande no meu corpo inteiro a ponto de me fazer explodir, eu fecho os olhos. Eu fecho os olhos e me concentro nos sorrisos e nos olhares gentis. Eu sabia que não seria fácil, eu sabia. Me preparei, mas não o bastante. Eu acho muito fácil falar que está tudo bem quando não está, e enquanto eu conseguir fazê-lo as coisas não irão piorar. Encarar a realidade sempre foi algo difícil, o mundo de fantasias me pareceu mais atrativo. Mas a pergunta é : até quanto tempo vou conseguir evitar os meus problemas ? Às vezes eu acho que estou sendo apenas muito dramática e enchendo a paciência dos meus amigos. Às vezes eu acho que a situação é mais difícil do que eu imagino. 2010 começou sem ter começado. É como se eu ainda estivesse presa no meio, entre 2009 e 2010; entre tudo o que eu conhecia e a mudança; entre a Laila e a nova Laila. Vivo todos os dias o meu dia 0.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mudanças... ou nao.

(risos)

-Que foi ?
-Nada... só estou lembrando de alguns momentos.
-É... esse lugar me faz lembrar de várias coisas também.
-Hmm, e eu estou inclusa nelas ?
-Sim... em algumas.
-Sei, em poucas. (risos)
-Por que você sempre acha que não tem nenhuma importância para mim ?
-Porque eu não tenho.
-Já que você repete tanto, talvez não tenha mesmo,haha.
-Eu disse, eu não tenho.
-Todos tem importância, minha amiga.
-Sim, mas uns tem mais que os outros. É que me estressa essa falta de equilíbrio, essa falta de consideração.
-Aonde você quer chegar com isso ?
-Eu ? Em nenhum lugar. Só não gosto quando você não se acha capaz de machucar alguém.
-E desde quando você fala assim comigo ? Cadê aquela menininha que gostava tanto de mim ? (risos)
-Eu ainda gosto, mas tem vezes que a menininha é obrigada a crescer, consequentemente, a mudar.
-Eu não gosto de mudanças.

(silêncio...)

-Me desculpe por ter descontado minha angústia em você.
-Não... é que isso me fez pensar. Eu sei que todos mudam, mas nunca pensei que você, meu brinquedinho particular, iria mudar também. E o pior, eu nem percebi nisso.
-Não liga para o que eu falei, é que eu só queria desabafar com alguém. Por favor, não fica assim pensativo, eu não gosto! Eu nunca sei o que se passa na sua cabeça.
-Está na hora de você parar de se importar comigo.
-Está mesmo, mas fazer o que ? Eu não mudei tanto assim.
-Ainda bem.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Limpidez

Sabe aqueles dias em que tudo parece tão límpido como a água ? As tuas ações, as ações dos outros... tudo parece estar sendo esclarecido. Pois é, eu tenho medo desses dias. Tenho medo porque não gosto de ver o que há por traz dos olhares que me lançam, não quero sentir a intensidade de cada abraço e não quero me remeter à doces lembranças ou rudes palavras. Porém, creio que nesses dias é que você tem que parar e pensar : ' O que eu estou fazendo ou pensando está certo ? Ou pelo menos está de acordo com um certo parâmetro de ética ? '
É tão difícil olhar pra dentro de mim e ver que nada sobrou. É engraçado até, deixar aquela menininha para traz, aqueles sorrisos aleatórios e palavras soltas ao vento. É bom sair da infância, lógico, não é tão bom quanto entrar nela, mas é válido. Você acaba percebendo que está sozinho no mundo! Haha. Olha pro lado, cadê os meus amigos ? Estão cuidando dos problemas deles. Cadê meus pais ? Estão trabalhando pra te sustentar. Mas... cadê a minha família ? 'Pois é minha filha, sabe... não deu certo, seu pai e eu não nos amamos mais e sabe como é né ? Estávamos esperando você atingir sua maturidade'. Que merda de maturidade é essa ? Não sei, até hoje.
Por tudo isso, hoje eu posso falar que sou consciente de tudo o que faço, de tudo o que eu digo. Minha inocência acabou nesse instante. Não esperem mais nada de mim, não esperem amor e não esperem ódio, não esperem rancor e nem esperem compaixão, não esperem Diabo e nem esperem a velha Laila. Não esperem nada a mais.
OBS: É apenas um dia ruim.

Tempo

Eu não consigo mais sorrir. Dentre as ótimas qualidades que eu tinha, é dessa que eu sinto mais saudade. O tempo transforma e acaba. Na maioria das vezes acaba com coisas que demoraram muito para serem construídas, mas isso não quer dizer que ele não acabe com algo que ainda nem aconteceu. Dilacera. Mata. Corrompe.
E quem é esse vilão ? Esse tormento dos velhinhos e dos adolescentes ? Me pergunto isso todos os dias quando levanto às cinco e dez da manhã; olho para o espelho, vejo uma pele jovem, com pequenos cravos, vejo olheiras que logo serão camufladas por maquiagem, e principalmente, vejo uma boca seca... está aí o real motivo de toda a minha preocupação. Minha boca foi sempre 'molhada', digamos, eu odiava quando ela ficava seca, sempre carregava um batom; os anos passaram, até que meus lábios não precisavam mais de batom, 'molhavam-se' por si só.
O tempo passou ( olha aí o tempo de novo ), e minha boca foi secando, secando e secando. Quando me atentei que aquilo virara permanente, fiquei indignada e comecei a passar os dentes e a língua para deixá-la como antes. Fiquei desse jeito o dia todo e ao final dele, minha boca estava ferida e só percebi porque eu já estava engolindo o próprio sangue que escorria dos machucados. Foi quando percebi que não adiantava mais tentar, minha boca tinha mudado. Meu corpo, meu caráter, minha personalidade. Tudo. Mudanças.
Indo de volta para casa, o motorista perguntou :
- Minha princesinha, sua boca está muito seca! Você anda tomando pouca água ?
- Não. Eu acho que minha boca vai ser assim agora.
- Mas eu tenho uma pomadinha de cacau deliciosa que evita essa secura toda. Você quer ?
- Muito obrigada, mas já estou me acostumando com a idéia de tê-la assim.

E voltei a olhar para o carro ao lado.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Minha força

Às vezes dá vontade de desistir. Vejo que esse mundo já não tem mais volta, tudo está corrompido. As pessoas não dão mais o valor devido às coisas e sentimentos, não se importam mais com nada, não se importam com as feridas deixadas no outro. Eu lamento tanto não poder resolver a vida de todo mundo. E me sinto tão impotente por não conseguir ao menos resolver a minha. Mas ao ver o rostinho de vocês, meus amigos, mesmo com toda essa tristeza... eu esqueço todos os meus problemas, e tomo coragem para seguir.

dedicado à todos que eu amo.